Como será o mundo pós pandemia?

Como será o mundo pós pandemia?

O mundo pós-pandemia será diferente. Essa é a única certeza! Os rastros de toda a transformação que estamos vivenciando vão moldar nossa nova realidade. Mas qual será essa nova realidade?

Daqui a alguns anos, certamente olharemos em retrospectiva para o ano de 2020 e o enxergaremos como a.c. e d.c – “antes do corona” e “depois do corona” – uma espécie de divisor de águas capaz de separar o calendário em duas eras diferentes, com profundas mudanças no comportamento das pessoas. 

Ao revisitarmos as epidemias ou doenças contagiosas do passado, como a gripe espanhola, a varíola, a tuberculose ou o HIV; todos esses inimigos invisíveis e que se disseminaram por todo o mundo, percebemos que, apesar de terem matado milhões de pessoas, não desapareceram por completo. Nós é que aprendemos a conviver com elas!

Átila Iamarino, doutor em microbiologia pela USP e pós-doutor pela Universidade Yale, disse em entrevista para a BBC Brasil: “O mundo mudou, e aquele mundo (a.c.) não existe mais. A nossa vida vai mudar muito daqui para a frente, e alguém que tenta manter o status quo de 2019 é alguém que ainda não aceitou essa nova realidade. (…) Mudanças que o mundo levaria décadas para passar, que a gente levaria muito tempo para implementar voluntariamente, a gente está tendo que implementar no susto, em questão de meses.”

Realmente, essa pandemia está acelerando o nosso futuro. É como se a sociedade mundial fosse obrigada a passar aquela cena do filme da vida real em velocidade avançada. Eu explico: a pandemia tem acelerado algumas mudanças que já estavam no radar, como por exemplo o Home Office, a educação à distância ou o uso da tecnologia para aumentar a conexão entre as pessoas. Alguns até já estavam na frente com algo mais bem elaborado desenvolvido, mas muitos outros atrasadinhos tiveram que correr para se adaptar. Eles concordando ou não com essa situação. Com receio ou não do mundo online (redes sociais, e-commerce e marketplaces). Tiveram que deixar a resistência de lado e se adaptar, pois não se tratava mais de uma escolha, e sim, de uma questão de sobrevivência. 

Nesse cenário, restaurantes e padarias se viram obrigados a operacionalizar um sistema de delivery; pessoas em home office precisando de uma boa conexão de internet; todos tendo que fazer seus pagamentos, transferências e investimentos através dos aplicativos de instituições financeiras; artistas fazendo shows sem plateia com transmissão ao vivo para o mundo todo; palestrantes, psicólogos e professores dando aula de maneira remota; amigos e familiares matando as saudades, jogando conversa fora, tomando um drink, tudo isso à distância, porém, unidos pela tela de um dispositivo! É praticamente certo que esses novos hábitos vão evoluir muito mais e vão ajudar a confundir ainda mais nossa vida real com a nossa vida virtual.

Segundo Leandro Karnal, historiador, escritor e professor da Unicamp, “após a diminuição do risco de contágio, contidos em uma quarentena necessária e indesejável, os brasileiros beijarão, abraçarão e tocarão mais do que nunca”, no que ele chama de demanda reprimida.

Isso faz muito sentido! Quando você é privado de algo, dá mais vontade de fazer esse algo. Sendo assim, projeto pessoas voltando a fazer reuniões em família, voltando para as festas, voltando para as academias, voltando para os parques. Mas será que tudo vai voltar a ser como era antes?

Será que as pessoas vão se encontrar (presencialmente) com mais ou menos frequência no futuro? Será que terão mais ou menos contato, pele com pele? Será que as pessoas vão desenvolver fobia social? Será que desenvolverão TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) por limpeza? Será que o home office veio para ficar? Será que o trabalho vai invadir de vez as nossas casas em qualquer dia da semana e em qualquer horário? Será que isso nos tornará mais produtivos ou acabará com os nossos finais de semana? Será que isso vai melhorar os engarrafamentos quilométricos dos grandes centros? Será que as pessoas vão se deslocar mais ou menos com viagens que podem ser resolvidas com uma videoconferência? Isso vai afetar os cofres das empresas? Vai afetar as companhias aéreas? Vai afetar a profundidade das relações entre as pessoas?

São muitos os questionamentos e, por enquanto, são poucas as certezas. Só o tempo nos dirá o que realmente vai acontecer. No entanto, tenho percebido que neste período de isolamento as pessoas têm refletido sobre a humanidade e a relação com o outro. Tenho visto o fortalecimento de alguns valores sociais que estavam em extinção, como a solidariedade e a empatia entre as pessoas. Vejo isso quando o assunto são os idosos, os moradores de rua, as pessoas menos abastadas e até os próprios profissionais da saúde!

Por outro lado, diante do fechamento do comércio, das demissões em massa e das incertezas de quando tudo isso vai acabar, também vejo as pessoas repensando seus hábitos de consumo, pressionadas pela situação financeira! Valores como o consumo exacerbado e o lucro a qualquer custo, que estavam fortemente arraigados no período a.c. (antes do corona), me parece que serão revistos no período d.c. (depois do corona).

Dito tudo isso, o que será que vai acontecer quando tudo voltar ao normal? Simplesmente não vamos voltar ao normal! A sociedade vai se transformar. E muito! Na verdade, já está se transformando!

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